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Wednesday, October 27, 2004

LAND OF PLENTY





Eu confesso-me um incondicional de Wim Wenders.

Adoro “Paris, Texas”, “Asas do desejo”, “Lisbon Story”, “O amigo americano”, “Buena Vista Social Club”, “Nick’ Movie”, “The end of violence”, “Until the end of the world”.
Mesmo o “O Hotel” (que parte de uma ideia sem muito interesse e se desenvolve aos tropeções – culpa de Bono, não de Wenders) é um filme de que não consigo deixar de gostar.

Isto para afirmar desde já uma possível parcialidade ao tentar falar sobre “Terra de Abundância”.

Começa o filme com duas personagens completamente díspares mas que se adivinha virem a confrontar-se/encontrar-se ao longo do filme.
Talvez haja já quem arrisque acreditar que o filme será previsível, mas engana-se.
As personagens são deixadas, inicialmente, como complemento a uma viagem desmoralizante e crítica pela América (pós – mas fica sempre a ideia de que vem de muito antes) 11 de Setembro e pelo mundo.
Nesta fase Wenders filma o aterro humano e político que se tornou LA e alia-lhe um humor subtil que serve a crítica de forma maravilhosa.

Depois o filme torna-se no encontro de duas almas, tanto uma com a outra como uma (a de Lana) com a América e outra (a de Paul) com um mundo para além da América como a conhecemos pós 11 de Setembro.
Há aqui um pouco de road movie e Wenders faz com cada vez mais talento o que já fizera em “Paris, Texas” com os desertos tornando uma paragem inóspita num local de filmagens perfeito e belo; mas sobretudo há aqui um intimismo subtil e em crescendo que é uma delícia e que deverá ser usado como ensinamento para tudo o que o Cinema deve ser.

Neste ponto já deve haver quem pense que este é um filme sobre o 11 de Setembro (ou pelo menos o período que se seguiu). Pois desengane-se.
Este é o filme que veio expurgar todos os demónios do 11 de Setembro e, pelo caminho, dar a perceber a quem ainda não o tivesse feito que o mundo é mais do que a América e que nenhum povo é igual às pessoas sem escrúpulos que dele fazem parte.
Se “25th Hour” foi o primeiro filme que se debruçou sobre o 11 de Setembro, este pode muito bem ser o último.
Foi preciso um Europeu para esta missão.


Mas escapemos ao que o filme é e falemos dos que o fazem.


Este é, claramente, um filme de Wenders o que é o mesmo que afirmar que este é um filme de um génio.
Wenders mostra que sabe tratar a câmara como poucos. Cada plano é de beleza e talento inigualáveis.

Michelle Williams (que muitos conhecerão apenas da série “Dawson’s Creek”) mostra aqui que é uma actriz de grande futuro. Num registo onde conta, quase sempre, apenas com a cara para se expressar ela consegue (re)produzir emoções com uma veracidade que muitas actrizes vencedoras de Oscar gostariam de ter.
A maneira como usa os olhos dá a cada cena uma dimensão de realidade que nos assombra tanto quanto nos emociona.
Alguém lhe dará o Oscar?

Quanto a John Diehl, ele consegue, numa personagem que arrisca sempre uma interpretação esteriotipada e (estupidamente) exagerada, um registo de contenção que o torna quase perfeito.




Um filme de cinco estrelas, de nota vinte, de dois polegares para cima.
Um filme de génio para figurar logo ao lado de “Paris, Texas” e “As asas do desejo”.
Um filme a não perder!

Sunday, September 12, 2004

Com algum atraso, mais um lamento sentido.
No passado dia 6 passaram 5 anos sobre a morte de Akira Kurosawa.
Um mestre do cinema que, demasiadas vezes, parece fazer tanta falta a tal Arte!

Eu gostaria de assinalar este dia, não pela relação - que alguns conhecem- que ele apresenta para quem aqui escreve mas sim porque faz hoje um ano que se perdeu Johnny Cash.
Sem adjectivos supérfulos ou elaborados discursos, lamento tal perda com sinceridade.

Thursday, September 09, 2004

Este texto chega com mais de três meses de atraso por culpa de exames na Universidade, um computador levado a arranjar e férias.
Peripécias sofridas por quem aqui escreve e que me afastaram deste blog e, de uma forma geral, do contacto com a internet.

Mas hoje volto ao activo para vos falar de uma mescla de cinema e música.
O ponto de partida é o álbum dos Plaza – Meeting Point.
Quando tomei posse do disco conhecia, somente, o single “(Out) on the radio”, moderadamente transmitido nas rádios. No entanto este disco cativou-me à primeira audição, uma canção mais dos que as restantes.
Essa canção, chamada “In fiction”, fala do desejo que todos (arrisco esta generalização sem qualquer medo) já sentimos em mais que uma ocasião de pertencermos a uma obra de ficção, mais especificamente um filme.
I wish I could find a good film to live in anuncia a letra da canção, servindo de mote para o restante deste texto em que o seu autor partilha os filmes que desde novo o fizeram desejar essa transformão em personagem de celulóide.

Quando era realmente novo, os filmes que mais me faziam sonhar eram MARY POPPINS – poder entrar em desenho feitos no chão e dançar com pinguins era fantástico na altura; e o sempre apaixonante O REI LEÃO – será preciso dizer porquê?
Um par de anos depois não havia nada de mais fascinante do que procurar a bicicleta do PeeWee (PEEWEE’S BIG ADVENTURE) ou defender Gotham lado a lado com BATMAN, fazer parte da FAMÍLIA ADDAMS ou morar na rua profundamente americana onde estava o Eduardo (EDWARD SCISSOR-HANDS).
Nos dias de hoje vejo-me em vários locais: nos meandros da fascinante e perturbadora história de amor de BUFFALO 66 (e sou obrigado a confessar a minha fixação pela Christina Ricci!!!!); rendido ao fascínio de MULHOLAND DRIVE ou à ternura de BIG FISH; esmurrando alguém no FIGHT CLUB ou deixando-me render a cada música de A NIGHTMARE BEFORE CHRISTMAS; viajando no autocarro de VAI VEM ou na violência humana de IRREVERSÍVEL e HAPPINESS; e mesmo em PULP FICTION, UNDERGROUND, DANCER IN THE DARK, A QUIMERA DO OURO e A CLOCKWORK ORANGE (e qualquer outro filme do obreiro de 2001!).

É uma lista curta, como as são todas, pois gastaria tempo devido a outros filmes a elaborar uma lista completa.



Stering thru the message on the screen
(where) all is life and life’s just a dream


Friday, April 09, 2004

“When I hang out with my niece sometimes, it’s like... just by spending time with her I get to reexperience a sort of eternal youngness of things.
But then I think about it and it just goes away...”

Claire in SIX FEET UNDER





É estranho como o episódio da semana passada da série SETE PALMOS DE TERRA se encontrou com os pressupostos que pretendem reger este blog.
Ainda mais estranho será o facto dessa afinidade temática ir causar a primeira ruptura com esses mesmo pressupostos


Neste momento muitos clamarão “incongruência”, mas eu prefiro chamar-lhe Humanidade, já que, sendo o raciocínio um dos mais importantes e distintivos traços dos Ser Humano, qualquer ideia sofrerá um embate com ideias contrárias que levam essa ideia inicial a reformular-se ou, simplesmente, a ser substituída.
Mostrem-me alguém que nunca foi incongruente e eu mostrar-vos-ei alguém que não pensa!


Mas voltemos à citação que abriu este post.
Muitos falariam nesse mito desculpabilizante que é o Destino – pré-programação de todas as vidas.

Por mim falo em coincidências.
Aliás, nem tanto será um coincidência.
Não se tivesse dado o caso de me ver necessitado a registar-me no Blogger e, sequencialmente, ver-me na predisposição de criar este blog, não há certeza de que tivesse dado à citação a atenção que agora lhe dedico.
Portanto, tudo será um conjunto de factores que, na sua constante probabilidade de ocorrem a qualquer momento, levaram à criação deste objecto (virtual) de pura perda de tempo.


Mas voltando a falar do Destino, e seguindo agora a linha de pensamento que violará os pressupostos deste blog (mas afinal não são todas as regras feitas para serem violadas?), acho tão bizarra essa ideia de que tudo o que ocorre nos está, a priori, imputado; de que tudo aquilo que tomamos como a nossa acção/opção estaria já determinado.
Ao acreditarmos neste pressuposto, estamos a retirar ao Ser Humano uma das poucas características que o distingue dos animais – o livre-arbítrio.
Tão imediato como a compreensão de um problema é a capacidade de escolher entre as duas posições que se podem tomar perante esse mesmo problema.
Sem isso, não somo mais do que cães a quem mandam ir buscar o pau, o jornal ou os chinelos.


Nada está escrito num gigantesco livro regido pela mão de uma figura encapuçada.
O único livro maior do que a vida é O GRANDE LIVRO DO VINHO.



E tenho dito.

Tuesday, March 30, 2004

INTENÇÕES



Este blog,tal como o nome vos deve indicar, é inspirado por esse objecto fascinante que surge em 2001 - ODISSEIA NO ESPAÇO.
O monolito negro que ninguém soube compreender mas que todos puderam interpretar.

Este blog será semelhante.
Tudo o que eu aqui escrever não deverá ser alvo de demasiadas tentativas de compreensão, mas antes de uma interpretação tão livre quanto a imaginação de cada um consiga ser.
Da mesma forma, tudo o que eu escrever neste site será o resultado de condições semelhantes às que acabo de descrever.
Mais interpretação do que compreensão. Mais emoções despertadas do que razões bem fundamentas.

Estre será um blog sobre nada. Sem regras que o rejam e sem objectivos.

VIVAM, não leiam este blog!

Saturday, March 27, 2004

Isto começa e, caso alguém aqui passe, em breve acabará.
Não leiam este blog. Não leiam de todo. Vivam, sintam, existam!

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